02/06
Albergue Carnival, Cidade do Cabo, 22h
tempo: manhã ensolarado, tarde nublada, ameno (agora)
bicicleta: km80
Eu poderia atribuir o estado ofegante em que entrei no quarto aos 58km que pedalei hoje. Mas a culpa é mesmo dos 3 lances de escada, da rua até aqui. Uma escada estreita, o que dificulta as curvas entre os patamares.
Outro incômodo é o meu porta-moedas, que está cheio e pesado. Acho que ninguém gosta de moedas... valem pouco, e pesam muito! Talvez seja por causa delas que existem pedintes nas ruas – e como eles existem por aqui!!! Acho que as pessoas não dão moedas a pedintes por caridade, mas sim para se livrarem delas!
Quem viaja a num país estrangeiro sempre tem um pouco de dificuldade de se acostumar com as notas e, especialmente, com as moedas. Talvez seja o medo de gastar mais do que o necessário. Como no Brasil, o tamanho da moeda daqui não necessariamente é proporcional ao seu valor – a de 5 centavos é maior do que a de 10 e a de 20! E, para complicar, existem ainda moedas de R1, R2 e R5!
Acho que, em vez de comer no McDonald’s, eu devia ir a restaurantes mais caros, que justifiquem o uso do cartão de crédito. Assim, evito receber moedas de troco!
Mas, apesar desses incômodos, o dia valeu super a pena! Vi belas paisagens – muito parecidas com as do litoral norte de São Paulo – tirei boas fotos, e fiz contatos interessantes.
Albergue Carnival, Cidade do Cabo, 22h
tempo: manhã ensolarado, tarde nublada, ameno (agora)
bicicleta: km80
Eu poderia atribuir o estado ofegante em que entrei no quarto aos 58km que pedalei hoje. Mas a culpa é mesmo dos 3 lances de escada, da rua até aqui. Uma escada estreita, o que dificulta as curvas entre os patamares.
Outro incômodo é o meu porta-moedas, que está cheio e pesado. Acho que ninguém gosta de moedas... valem pouco, e pesam muito! Talvez seja por causa delas que existem pedintes nas ruas – e como eles existem por aqui!!! Acho que as pessoas não dão moedas a pedintes por caridade, mas sim para se livrarem delas!
Quem viaja a num país estrangeiro sempre tem um pouco de dificuldade de se acostumar com as notas e, especialmente, com as moedas. Talvez seja o medo de gastar mais do que o necessário. Como no Brasil, o tamanho da moeda daqui não necessariamente é proporcional ao seu valor – a de 5 centavos é maior do que a de 10 e a de 20! E, para complicar, existem ainda moedas de R1, R2 e R5!
Acho que, em vez de comer no McDonald’s, eu devia ir a restaurantes mais caros, que justifiquem o uso do cartão de crédito. Assim, evito receber moedas de troco!
Mas, apesar desses incômodos, o dia valeu super a pena! Vi belas paisagens – muito parecidas com as do litoral norte de São Paulo – tirei boas fotos, e fiz contatos interessantes.
Processo arquivado (11h30)
Ao ver um bar chamado “The Summit” (“O Topo”), fiquei aliviado, pensando que já tinha chegado ao ponto mais alto da subida... mas, aí, veio outra curva... e mais subida! Pensei em processar o tal bar, por propaganda enganosa! Deixa prá lá! Melhor continuar pedalando!
Mais alguns (muitos!) metros, cheguei ao tão esperado trevo: para a esquerda, mais subida para o acesso à estação de embarque do funicular que vai ao “summit” da Table Mountain, o principal cartão postal da Cidade do Cabo. Para a direita, a descida para a praia de Camps Bay.
Mais alguns (muitos!) metros, cheguei ao tão esperado trevo: para a esquerda, mais subida para o acesso à estação de embarque do funicular que vai ao “summit” da Table Mountain, o principal cartão postal da Cidade do Cabo. Para a direita, a descida para a praia de Camps Bay.
Xará (14h)
Deixei Camps Bay para ser explorado na volta, e segui no rumo sul, para Hout Bay. Mais uma loooooonga subida – que me pareceu uma serra de Maresias, mas acho que estou exagerando um pouco – e depois uma descida deliciosa, na qual passei dos 55km/h!
Hout Bay surgiu de uma vila de pescadores – há lá um pequeno porto de pesca, e um mercado de peixes. E há também boas casas – encontrei um casal de “aposentados” que mora na vila, passeando de mãos dadas pela praia (2 netos, 4 fitinhas!). Almocei um peixe frito no Mariner’s Wharf – um pier com restaurantes e lojas de artigos náuticos.
Na volta, pedi a indicação de uma loja de bicicletas – minha buzina quebrou na viagem – a um menino ciclista. Quase caí do selim quando ele me disse o nome dele – pedi até que soletrasse, mas bateu! – S-e-r-g-i-o! Unbelievable!!!
Só que a loja que ele me indicou não tinha buzinas... Mesmo assim ele ganhou sua fitinha!
Hout Bay surgiu de uma vila de pescadores – há lá um pequeno porto de pesca, e um mercado de peixes. E há também boas casas – encontrei um casal de “aposentados” que mora na vila, passeando de mãos dadas pela praia (2 netos, 4 fitinhas!). Almocei um peixe frito no Mariner’s Wharf – um pier com restaurantes e lojas de artigos náuticos.
Na volta, pedi a indicação de uma loja de bicicletas – minha buzina quebrou na viagem – a um menino ciclista. Quase caí do selim quando ele me disse o nome dele – pedi até que soletrasse, mas bateu! – S-e-r-g-i-o! Unbelievable!!!
Só que a loja que ele me indicou não tinha buzinas... Mesmo assim ele ganhou sua fitinha!
Elefante (15h)
Não teve jeito – tive que encarar a serra de Maresias de novo (acho que agora não estou exagerando, pois pareceu pior do que na ida!). Mas tive uma compensação: bem no alto, parei numa barraca de venda de artigos artesanais, que chamava a atenção por causa de umas girafas enormes. Mas eu acabei fotografando uns quadros bem coloridos, pintados na madeira, com pedaços de metal em alto-relevo. O tema? A Copa, é claro! O estádio da cidade, torcedores, cartazes dos patrocinadores... além da Table Mountain, e de... ciclistas! O artista disse que tinha se inspirado em mim! Quase comprei um dos seus quadros! Acabei comprando só um elefantinho de madeira escura, por R$10,fitinha.
Mais a diante, noutra barraca, pensei em comprar um rinoceronte... mas era bem mais caro. Acabei conversando com 2 simpáticos artesãos de bijuterias do Malawi (2 fitinhas)... parece que vieram para a África do Sul por causa da Copa...
Mais a diante, noutra barraca, pensei em comprar um rinoceronte... mas era bem mais caro. Acabei conversando com 2 simpáticos artesãos de bijuterias do Malawi (2 fitinhas)... parece que vieram para a África do Sul por causa da Copa...
Entrevistado e filmado! (16h)
Camps Bay é a última praia da Cidade do Cabo com “continuidade urbana”. Para o sul, vem a tal serra. Mas, para o oeste, há uma impressionante cadeia de rochas chamada de “Doze Apóstolos” – com alguma boa vontade, dá mesmo para contar 12 picos – que a isolam do interior.
A praia não é grande, mas parece ser agradável. Mas a água é bem fria.
Entre a areia e a avenida beira-mar, há um gramado com algumas mesas. Numa delas encontrei 4 sul-africanos bebendo... um deles usava um computador. Brinquei que eles estavam fazendo um pic-nic, mas eles disseram que eram fotógrafos, e que estavam trabalhando.
Mais adiante, fui abordado por outro grupo de 4 pessoas – 2 rapazes (um sul-africano e um australiano) e 2 moças (uma sul-africana e uma norueguesa). A norueguesa, loirinha, e o australiano, me explicaram que eles trabalham num projeto mundial, que entrevista pessoas de diversos países, chamado “21 icons” (www.21icons.com). Eles querem descobrir quais são os principais ícones de cada país. E me pediram para me filmarem, contando quem eu considero um ícone do meu país...
Faltando pouco mais de uma semana para uma Copa do Mundo, não consegui pensar noutra pessoa que não fosse o Pelé! Justifiquei com aquele meu velho papo... “todos esperam e cobram do Edson a mesma perfeição do Pelé... mas ele é um ser humano, que às vezes erra, como todos nós!”
A norueguesa me perguntou o que eu pensava em ser quando era pequeno... eu respondi “feliz e saudável!” Meio demagógico, né??? Mas completei que também queria ser engenheiro como meu pai – e que ele foi um ícone pessoal para mim. E então me pediram um ícone da África do Sul... duvido que alguém não responda Nelson Mandela... e eu não fiz questão de ser diferente! Mas justifiquei dizendo que, por sua ação, Mandela também representa um ícone do Brasil, que, em menor escala, também enfrenta o problema que ele combateu por aqui.
Finalmente, eles me filmaram uns 10s – suficientes para dizer meu nome, meu país, e que “My icon is Pelé!” Parece que isso vai estar no site daqui a uns 2 ou 3 meses.
A praia não é grande, mas parece ser agradável. Mas a água é bem fria.
Entre a areia e a avenida beira-mar, há um gramado com algumas mesas. Numa delas encontrei 4 sul-africanos bebendo... um deles usava um computador. Brinquei que eles estavam fazendo um pic-nic, mas eles disseram que eram fotógrafos, e que estavam trabalhando.
Mais adiante, fui abordado por outro grupo de 4 pessoas – 2 rapazes (um sul-africano e um australiano) e 2 moças (uma sul-africana e uma norueguesa). A norueguesa, loirinha, e o australiano, me explicaram que eles trabalham num projeto mundial, que entrevista pessoas de diversos países, chamado “21 icons” (www.21icons.com). Eles querem descobrir quais são os principais ícones de cada país. E me pediram para me filmarem, contando quem eu considero um ícone do meu país...
Faltando pouco mais de uma semana para uma Copa do Mundo, não consegui pensar noutra pessoa que não fosse o Pelé! Justifiquei com aquele meu velho papo... “todos esperam e cobram do Edson a mesma perfeição do Pelé... mas ele é um ser humano, que às vezes erra, como todos nós!”
A norueguesa me perguntou o que eu pensava em ser quando era pequeno... eu respondi “feliz e saudável!” Meio demagógico, né??? Mas completei que também queria ser engenheiro como meu pai – e que ele foi um ícone pessoal para mim. E então me pediram um ícone da África do Sul... duvido que alguém não responda Nelson Mandela... e eu não fiz questão de ser diferente! Mas justifiquei dizendo que, por sua ação, Mandela também representa um ícone do Brasil, que, em menor escala, também enfrenta o problema que ele combateu por aqui.
Finalmente, eles me filmaram uns 10s – suficientes para dizer meu nome, meu país, e que “My icon is Pelé!” Parece que isso vai estar no site daqui a uns 2 ou 3 meses.
Pacto (19h)
Antes de chegar de volta ao V & A (Victoria and Albert Frontwater), ainda passei pelas praias de Clifton, Bantry Bay e Sea Point – esta é a mais urbana, uma espécie de Gonzaga ou Copacabana, mas muito menos adensada. Lá ficam alguns hotéis bem estrelados. Lá fica também uma “promenade” – um calçadão a beira-mar com crianças, cachorros, atletas e caminhantes. Achei que não devia pedalar lá, mas vi um policial numa “walking machine” motorizada, bem mais veloz do que eu, e resolvi arriscar. Pois ele, ao me ver, voltou e me disse que eu não poderia andar ali – só se empurrasse a bicicleta. “Otoridade” é “otoridade” em qualquer lugar!
Dosei as pedaladas para chegar ao V & A no pôr-do-sol, embora estivesse bem nublado. Mesmo com as nuvens, achei bem bonito o sol se pondo próximo ao estádio – no mesmo local em que eu estivera, 2 dias antes. Para poder fotografar, pedi licença a um rapaz com camisa da seleção sul-africana, que, gentilmente, saiu de onde estava. Puxei conversa sobre futebol, e logo 2 moças também foram tirar uma foto no mesmo local, falando português.
Esse foi o início de uma conversa a 4 vozes e 8 ouvidos que durou quase 2horas, ali mesmo, em pé, à beira-mar, com direito a muitas gargalhadas! E que esgotou meu estoque de fitinhas previsto para hoje.
Jora Jochem é jornalista, da área de economia e política. Por causa de uma namorada alemã, passou um tempo em Berlim. Parece que estudou um pouco de espanhol, e entende o holandês, pois fala o “africans”, língua que surgiu da dominação holandesa do país, e que é falada até hoje. Jora é super bem humorado, e muito esclarecido. Conhece bem a cidade, e deu boas dicas de passeios. Fez um relato comovente das mudanças que ocorreram aqui depois do fim do apartheid. Entende muito de futebol, mas está triste pois só conseguiu comprar ingresso para um jogo, aqui na Cidade do Cabo: França x Uruguai. Não sabia que Ronaldinho não foi convocado, mas, mesmo assim, tem certeza de que, com Kaká e Robinho – e com a torcida dele – vai dar Brasil!
Zaine é psicoterapeuta, brasileira de Cuiabá, onde tem toda sua família (que é bem grande), mas mora na Alemanha (atualmente, em Berlim) há 21 anos, para onde foi morar com seu marido alemão, com quem teve uma filha, Melanie. Hoje, ela está separada do marido. Aparenta ser bem mais jovem do que deve ser... Melanie, 20 anos, nasceu na Alemanha, é estudante e vai ingressar na Universidade no fim do ano. Pretende estudar psicologia. As duas estão viajando sozinhas à África do Sul. Vieram porque gostaram muito de acompanhar a Copa de 2006. Até agora, não têm nenhum ingresso, mas pretendem conseguir ver os jogos do Brasil. Chegaram mais cedo, para fazerem um curso de inglês aqui, e na semana que vem vão a Johanesburgo. Lá, irão alugar um carro, e – corajosas! – pretendem ir a Durban, para o jogo do Brasil com Portugal, e depois voltar para cá.
Foi bem difícil nos despedirmos. Fiquei com a impressão – e acho que eles também – que ainda teríamos assunto para mais 2 ou 3 horas!
Trocamos e-mails, e fizemos um pacto de nos encontrarmos em 2014, no Brasil!
Dosei as pedaladas para chegar ao V & A no pôr-do-sol, embora estivesse bem nublado. Mesmo com as nuvens, achei bem bonito o sol se pondo próximo ao estádio – no mesmo local em que eu estivera, 2 dias antes. Para poder fotografar, pedi licença a um rapaz com camisa da seleção sul-africana, que, gentilmente, saiu de onde estava. Puxei conversa sobre futebol, e logo 2 moças também foram tirar uma foto no mesmo local, falando português.
Esse foi o início de uma conversa a 4 vozes e 8 ouvidos que durou quase 2horas, ali mesmo, em pé, à beira-mar, com direito a muitas gargalhadas! E que esgotou meu estoque de fitinhas previsto para hoje.
Jora Jochem é jornalista, da área de economia e política. Por causa de uma namorada alemã, passou um tempo em Berlim. Parece que estudou um pouco de espanhol, e entende o holandês, pois fala o “africans”, língua que surgiu da dominação holandesa do país, e que é falada até hoje. Jora é super bem humorado, e muito esclarecido. Conhece bem a cidade, e deu boas dicas de passeios. Fez um relato comovente das mudanças que ocorreram aqui depois do fim do apartheid. Entende muito de futebol, mas está triste pois só conseguiu comprar ingresso para um jogo, aqui na Cidade do Cabo: França x Uruguai. Não sabia que Ronaldinho não foi convocado, mas, mesmo assim, tem certeza de que, com Kaká e Robinho – e com a torcida dele – vai dar Brasil!
Zaine é psicoterapeuta, brasileira de Cuiabá, onde tem toda sua família (que é bem grande), mas mora na Alemanha (atualmente, em Berlim) há 21 anos, para onde foi morar com seu marido alemão, com quem teve uma filha, Melanie. Hoje, ela está separada do marido. Aparenta ser bem mais jovem do que deve ser... Melanie, 20 anos, nasceu na Alemanha, é estudante e vai ingressar na Universidade no fim do ano. Pretende estudar psicologia. As duas estão viajando sozinhas à África do Sul. Vieram porque gostaram muito de acompanhar a Copa de 2006. Até agora, não têm nenhum ingresso, mas pretendem conseguir ver os jogos do Brasil. Chegaram mais cedo, para fazerem um curso de inglês aqui, e na semana que vem vão a Johanesburgo. Lá, irão alugar um carro, e – corajosas! – pretendem ir a Durban, para o jogo do Brasil com Portugal, e depois voltar para cá.
Foi bem difícil nos despedirmos. Fiquei com a impressão – e acho que eles também – que ainda teríamos assunto para mais 2 ou 3 horas!
Trocamos e-mails, e fizemos um pacto de nos encontrarmos em 2014, no Brasil!
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ResponderExcluirMilton Neves tem dito (acho que brincando) que tem carne de girafa nos restaurantes.
ResponderExcluirEspero que não tenha McGirafa no Mc Donald's.
Sugestão: colocar o contador de fitinhas depois da km da bicicleta.
Abs,
Chico
Puxa... devia mesmo colocar um contador de fitinhas... mas já perdi a conta!
ResponderExcluirQuanto ao McGirafa... acho que vou sugerir isso por aqui!