terça-feira, 15 de junho de 2010

12/6 - ...E tudo se resolve!!!

supermercado Pick’nPay, BenMore Gardens, Sandton, Johanesburgo, 19h
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km270
fitinhas (número estimado e acumulado): 90
jogos presenciados no estádio: 1

Coréia do Sul 2 x 0 Grécia
Argentina 1 x 0 Nigéria
Inglaterra 1 x 1 Estados Unidos

Lazanha, peito de frango, tomates, bananas, salada de frutas, leite, chocolate, nescau, pão-de-forma, mussarela, refrigerante... Ainda bem que tudo coube na mochila, e em 2 sacolas de plástico – que são cobradas (R$0,10 cada)! Vai dar para levar tudo na bicicleta.
Estou bem mais tranqüilo agora. Depois de uma sexta-feira tensa, cheia de percalços, e de uma noite mal dormida, tive um sábado para “pôr ordem na casa” – e até consegui me divertir.

Entre dois fregueses do posto, Ales, o esloveno que veio pedalando de Nairobi para trocar o pneu da minha bicicleta
A foto que devia ter sido tirada na véspera
pôr-do-sol na ponte estaiada Nelson Mandela

Como voltei para casa? Voltando!... ora, pois!
Ontem, na saída do jogo, quando percebi que tinha perdido a carteira, eu devo ter ficado com o rosto tão transtornado, que uma senhora se aproximou perguntando se eu precisava de ajuda. Contei-lhe o ocorrido, e que gostaria de pegar um ônibus para o centro, e, de lá, telefonar para meu amigo ir me buscar. Ela me ofereceu R$5,00, que retribuí com... uma fitinha!
Comprei o bilhete, e entrei na longa fila para embarcar no ônibus para um dos estacionamentos (“Park&Ride”) do centro da cidade.
Foi então que alguém apareceu, me chamando de “brasilairo”. Pelo “sutac”, perguntei: “É português?” (poderia se de Angola ou Moçambique...) – “Sim, sou!” Torcendo para que ele fosse do Minho, terra de meu avô, perguntei: “De onde?” Sua resposta não poderia ter sido mais lusitana: “Sou português de Portugal!” Ora pois!
Português de Portu... de Aveiro, José tinha ido ao jogo com sua esposa e mais um casal de amigos. Trabalha como contador, e mora por aqui há muitos anos, em... Sandton!
Tenho que reconhecer – às vezes, as fitinhas são dadas com segundas intenções... Foi o caso! Mais um pouco de conversa no ônibus... perguntei-lhe se seria possível conseguir uma carona. Ele consultou o amigo, dono do carro... “Sim, podemos levá-lo!”
O amigo, tcheco, mas também morador de Johanesburgo, pediu meu endereço, e deixou que o GPS do carro nos guiasse. Deixou-me na porta de casa! Nem preciso dizer que ele e a esposa também ganharam suas merecidas fitinhas.

Cancelando o cartão de crédito
A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi ligar para minha irmã Ana Maria, pedindo para ela cancelar o cartão de crédito que estava na carteira – além do cartão, tinha uns R$150,00, carteiras de identidade e de motorista, e – o que mais lamento ter perdido – algumas fotos de meus sobrinhos e o ingresso da partida de abertura.
A Ana tem se responsabilizado por pagamentos e outras tarefas burocráticas no Brasil... Ela me dá uma boa retaguarda – sou-lhe muito grato. Não dei muitos detalhes do que tinha ocorrido, para não assustá-la. Pouco depois, ela me mandou um e-mail, confirmando o cancelamento do cartão, o que me deixou um pouco mais tranqüilo. Mesmo assim, dormi muito mal, lamentando a perda da carteira, e preocupado com a bicicleta.

Resgate da bicicleta
Nesta manhã, tão logo o shopping abriu, fui lá sacar dinheiro com o cartão de débito, e comprar uma carteira nova com o cartão de crédito que me sobrou – felizmente, ambos funcionaram sem problemas.
Peguei uma lotação – o táxi, como chamam aqui – até o centro. Para ir até o posto onde estava a bicicleta, tive de pegar outra lotação. O motorista me explicou que não iria passar pelo posto, mas eu poderia caminhar uns 20min até lá. Começamos a conversar sobre futebol... fitinhas para ele e para seus 2 filhos... ele acabou me levando até o posto!
Só que o gerente, Peter, que a tinha guardado na véspera, não estava!!! E só ele tinha a chave do quartinho onde a bicicleta estava!
Aubrey, um dos frentistas, quis me ajudar. Chamou outro funcionário, que ligou para o Peter.
Enquanto eu o esperava, apareceu o Ales, ciclista esloveno (“da Eslovênia”, certamente diria meu bom amigo luso), que há 2 meses saiu de Nairobi, no Quênia!!! Ele parou justamente naquele posto para fazer seu café da manhã, e pedir informações sobre como ir a Polowane – de ônibus ou de trem – para ver o jogo de seu país, amanhã.
Antes que ele fosse embora, apareceu o Peter, e eu pude pegar a bicicleta.
Aproveitei o Ales para pedir ajuda na troca do pneu – era o da roda traseira, de tão más lembranças... Tiramos a câmara, e enquanto pusemos uma nova – sempre levo um “step” em viagens – o Aubrey foi tentar consertar a furada numa loja de pneus vizinha ao posto – infelizmente, em vão!
Apressado para ir pegar o ônibus, o Ales me deixou ajustando a roda, e se foi. Enquanto fazia os últimos ajustes, apareceram uns 5 garotos, bem humildes, querendo ajudar – mas, aí, infelizmente meu estoque de fitinhas já tinha se esgotado...

Os subterrâneos do SoccerCity
De pneu consertado, pensei em voltar logo para casa, para ver Argentina x Nigéria... mas não resisti! Precisava tirar a foto que não tinha tirado na véspera – eu estava só há uns 3km do estádio! Tirei a foto, e lembrei que talvez pudesse haver um setor de achados e perdidos, onde pudesse procurar pela minha carteira. Falei com um segurança do estádio, que, por rádio, chamou um outro funcionário para me acompanhar.
O SoccerCity é o maior estádio da Copa – foi palco da abertura, e será da final. Surgiu da reforma de um outro estádio, próximo ao bairro do Soweto – sua localização lembra a do Morumbi, com poucas vias de acesso, e transporte público quase inexistente.
Meu acompanhante era um garoto meio perdidão... Não sabia nada, não conhecia nada. O que até foi bom – andamos por vários “meandros” do gigantesco estádio, como a área administrativa e a área dos convidados VIPs. Conversei com o gerente do estádio e com o chefe de segurança, que tomaram nota de meu nome e telefone... mas acho que dificilmente irei recuperar meus documentos perdidos.

Avião, ônibus, táxi, lotação – êta bicicleta passeadeira!!!
Já eram mais de 3h quando saí de lá. Tinha que me apressar, para chegar ainda com luz em Sandton. Resolvi fazer um caminho diferente do da ida, passando pelo Ellis Park, o outro estádio da cidade, onde a Argentina estaria enfrentando a Nigéria.
Dei uma volta em torno do estádio, com o jogo rolando. Vi alguns argentinos sem ingresso, negociando com cambistas – é uma situação tensa, pela qual espero não precisar passar.
Tinha 16km pela frente até em casa... mas resolvi tentar algo diferente. Fui até o terminal de lotações, e perguntei se seria possível colocar a bicicleta numa delas, e quanto isso me custaria. Sim, era possível, por uns R$8,00! Valia a pena!
Então, resolvi, antes, aproveitar o fim da tarde do sábado para um rápido passeio pelo centro de Johanesburgo, ouvindo o jogo da Argentina pelo rádio – o locutor estava empolgado com as defesas do goleiro nigeriano. Fui ver o pôr-do-sol na nova Nelson Mandela Bridge – uma ponte estaiada sobre a linha do trem, novo cartão postal da cidade, que tem uma bonita iluminação noturna – lembra muito aquela da Marginal Pinheiros.
Ocupei um banco inteiro da lotação, que estava mesmo lotada – uma passageira pareceu se incomodar com a minha presença, e infelizmente não tinha mais fitinhas para tentar espantar aquela antipatia!
Deixaram-me em frente ao shopping perto de casa. Eram 15 para as 7 – 15 minutos para o supermercado fechar...

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