domingo, 27 de junho de 2010

27/6 – Rimas

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 22h30
tempo: sol, céu azul, agora agradável
bicicleta: km328, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 230
jogos presenciados no estádio: 8

Alemanha 4x1 Inglaterra
Argentina 3x1 México

Dia de fazer compras no supermercado e de arrumar a casa – o Soummo tem visitas!


Alemanha x Argentina
Uma final antecipada nas quartas??? Até agora, são os times mais consistentes.
Mas... na minha opinião, o futebol é uma caixinha de surpresas!

Uma rima pobre: 12 para Klose
Não me conformo – com seu gol marcado hoje, o atacante Klose chegou ao seu 12º. em Mundiais – igualou-se a Pelé – que heresia! – e aproxima-se perigosamente dos 15 do Ronalducho. Embora forte, rápido e oportunista, acho o Klose muito limitado tecnicamente – não seria justo que ele batesse o recorde do Ronalducho!
Já a Alemanha mereceu passar pela Inglaterra, que pouco mostrou nesta Copa – Rooney não fez nada! Sem dúvida, mais uma vez os alemães vêm fortes, e vão dar trabalho...

Outras rimas
Devem estar chegando do SoccerCity, onde foram ver Argentina x México, duas amigas do Soummo, que ficarão hospedadas aqui, por alguns dias: Juliana, a paulistana; e Inês, a que tem passaporte português!

26/6 – Meu segundo beijo na África (com 9º. desafio)

Montecasino, Fourways, Johanesburgo, 23h30
tempo: sol, céu azul, agora agradável
bicicleta: km320, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 230
jogos presenciados no estádio: 8

Uruguai 2x1 Coréia do Sul
Estados Unidos 1x2 Gana

Acordei tarde hoje – precisava pôr o sono em dia. Torci para o Uruguai, que, com raça, se classificou para as quartas de final, vencendo os valentes sul-coreanos.
À noite, viemos ver o jogo entre Estados Unidos e Gana neste divertido Montecasino – um shopping com cinemas, teatros, restaurantes, uma bela praça – com um enorme telão... – e um cassino!
Embora o time dos Estados Unidos seja o que mais me agrada ver nesta Copa, torci para Gana – e comemorei com grande alegria a classificação dos africanos – com direito ao meu segundo beijo da viagem!


Segundo beijo
Douglas é um simpaticíssimo ganês, mora em Londres e é amigo do Soummo. Ele se orgulha de ter 4 namoradas. Trabalha com eventos, e foi o churrasqueiro do “braai” do domingo passado.
Viemos aqui ao Montecasino por sugestão dele. Ao chegarmos, ele gentilmente ofereceu um copo de vinho ao Soummo, e uma Coca para mim – por saber que não bebo! Durante o jogo, estava muito nervoso, mas sempre sorridente. Quando o jogo acabou, feliz da vida, veio me abraçar... e acabei ganhando meu segundo beijo na África!
Não tenho nenhuma intenção de ser a quinta...


Mais maluco que o psiquiatra de ontem!
Ouvi no rádio uma entrevista com o recordista de partidas presenciadas numa Copa – trata-se de um sul-africano que, hoje, assistiu ao 25º. dos 39 jogos a que pretende assistir até a final! Seu favorito é a Argentina, mas ele está torcendo para Gana.


DESAFIO 9 – acho que este é fácil!
O Roberto Justus apresenta um programa no SBT que, se não me engano, se chama “1 contra 100”.
Por que o jogo Gana x Estados Unidos poderia ter sido chamado de “1 contra 50”???

25/6 – Sofrendo pelo rádio

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 23h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km320, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 220
jogos presenciados no estádio: 8

Coréia do Norte 0x3 Costa do Marfim
Portugal 0x0 Brasil
Suíça 0x0 Honduras
Chile 1x2 Espanha

Desde o início da venda de ingressos pelo site da FIFA, ficou claro que o jogo entre Brasil e Portugal seria um dos mais concorridos. No sorteio da fase3 das vendas, eu consegui os ingressos para os dois primeiros jogos (Coréia do Norte e Costa do Marfim), e também para os jogos de oitavas e de quartas do vencedor do grupo do Brasil – mas nenhuma das minhas tentativas para Brasil x Portugal foi bem sucedida.
Não quis tentar com cambistas – isso é muito estressante – há sempre a possibilidade de se comprar um ingresso falso, além de eu ser péssimo negociante.
Outro inconveniente: o deslocamento até Durban. De carro, é uma viagem de cerca de 6h. Não daria para ir e voltar no mesmo dia – eu teria que abrir mão da mordomia que estou tendo aqui na casa do Soummo.
Por todos esses motivos, ainda no Brasil, decidi desistir de ver esse jogo. Para não mudar de idéia na última hora, comprei um ingresso para Coréia do Norte x Costa do Marfim, que seria realizado na mesma hora, e cujo resultado talvez interessasse ao Brasil. Devo ter sido o único brasileiro que foi ver esse jogo.
Acho que foi uma decisão acertada – pelos comentários ouvidos no rádio, Brasil x Portugal foi muuuuuito chato.


Olho no campo, ouvido no rádio
Apesar de estar assistindo ao jogo Costa do Marfim x Coréia do Norte, fiquei com o ouvido colado no rádio, na transmissão de Brasil x Portugal. Se o Brasil perdesse, seria o segundo do grupo – e meus ingressos são para o campeão! Ou seja: corria o risco de não ver mais nenhum jogo do Brasil! Felizmente, Júlio César fechou o gol – e o Brasil não perdeu! Mas sofri bastante...


Para variar, mais problemas com o ônibus
Ontem, ao pegar o ônibus, confirmei com o pessoal da empresa o horário de hoje: 9h30. Cheguei na estação às 9h15... e o ônibus já tinha saído! Liguei para a empresa – e fui instruído a pegar o trem até o aeroporto, onde o ônibus estaria me esperando.
A linha de trem de Sandton até o aeroporto OR Tambo foi inaugurada no dia do início da Copa – para utilizá-la, é preciso ter um cartão – uma espécie de bilhete único, que também serve para 6 linhas de ônibus também novas, daqui de Sandton. Eu já tinha o cartão com R$25,00 de crédito – o exato valor da tarifa do trem. Rapidinho, cheguei ao aeroporto, onde havia uma funcionária me esperando, que me conduziu até o ônibus.
Felizmente, daí para a frente a viagem transcorreu sem problemas.







Girafas e zebras
Nelspruit fica no nordeste da África do Sul, bem próximo ao Parque Kruger, considerado um dos melhores parques do mundo. O estádio Mbombela tem uma arquitetura inspirada no parque – é sustentado por estruturas que se parecem com girafas, e seus acentos são pintados de preto e de branco, de forma que a visão de seu interior lembra as listras de uma zebra.















































Insatisfação e prejuízo
Alguns proprietários de imóveis da região de Nelspruit fizeram investimentos em suas propriedades – reformas e compra de móveis – para transformá-los em hotéis do tipo “bed and breakfast” (cama e café da manhã), que costumam ser muito procurados por torcedores em época de Copa. No entanto, pouquíssimos turistas se hospedaram na região – aparentemente, a maioria preferiu ficar em Johanesburgo – e muita gente teve prejuízo.







O psiquiatra maluco por futebol
No ônibus sentei-me ao lado do Chris – um psiquiatra londrino que é simplesmente louco por futebol. Esta é sua oitava Copa do Mundo – e hoje foi seu décimo jogo (nesse ponto, sou quase tão maluco quanto – hoje foi meu oitavo!). Ele ainda tem ingressos para 9 jogos, incluindo a final. Ele também costuma ir aos jogos do Campeonato Europeu, da Copa América – no ano que vem, vai à Argentina – e até da Copa Africana de Nações!
Para esta Copa, ele registrou no site da FIFA, no início do ano passado, 40 pedidos (cada um, em nome de um amigo ou familiar) – 20 para os jogos do Paraguai, e 20 para os jogos de Gana – e foi sorteado em todos! Como os dois países acabaram se classificando nas eliminatórias, ele gastou um dinheirão em seus 11 cartões de crédito – para, depois, revender os ingressos pelo mesmo site da FIFA, mantendo apenas uma série de ingressos de cada país – ele já tem 2 ingressos para a final garantidos!

24/6 – Motim a bordo! (com 8º. desafio)

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 23h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km310, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 220
jogos presenciados no estádio: 7

Eslováquia 3x2 Itália
Paraguai 0x0 Nova Zelândia
Camarões 1x2 Holanda
Dinamarca 1x3 Japão

O Alessandro e o David foram para o sul, e eu para o norte – eles voltaram de avião para a Cidade do Cabo, e eu fui de ônibus a Polokwane, uma cidade da província de Limpopo, ver Paraguai x Nova Zelândia. Outra vez, enfrentei problemas com o transporte...

O estádio de Polokwane, em sua despedida da Copa do Mundo

Os divertidos "kiwis" - torcedores da Nova Zelândia

Nomes quase tão pitorescos quanto "Guaratinguentá" e "Pindamonhangaba"


A van dos amotinados!

Momentos de tensão no ônibus
Desta vez, fui direitinho, de bicicleta, ao ponto de embarque do ônibus, em Sandton, onde peguei uma van que me levou ao aeroporto. Lá, entrei noutra van – na qual já havia umas 12 pessoas – a maioria, jovens americanos e canadenses. Eles estavam bem tensos e agressivos – havia quase 3horas que tinham embarcado, no centro de Johanesburgo!
Explicação: por causa da pouca procura, a empresa de ônibus que está oferecendo o transporte para jogos nas cidades próximas a Johanesburgo, tentando reduzir despesas, resolveu juntar os 3 ônibus previstos (partindo do centro, de Sandton e do aeroporto) numa só van.
Cansados de esperar no aeroporto, os garotos passaram a ofender o motorista – houve até uma ameaça de motim – tentando antecipar a partida! Chegaram a chamar um policial, que pediu calma – faltava ainda chegar um passageiro. Felizmente, ele chegou logo, e os ânimos se acalmaram.
Na chegada ao estádio, em Polokwane, voltou a tensão – o motorista não sabia onde devia estacionar, e os garotos decidiram descer antes. Preferi ficar no ônibus, para poder encontrá-lo na volta. No final do jogo, os garotos não apareceram – ao que parece, decidiram voltar de trem.
A volta – que parecia ser tranqüila – também se transformou numa aventura. Fomos primeiro ao centro de Johanesburgo – mas, de lá, o motorista não sabia vir a Sandton, onde 4 passageiros – eu inclusive – desceríamos. Eram mais de 11h da noite, e ele estava perdido! Felizmente – graças a meus estudos do mapa da cidade e meus passeios de bicicleta – eu mesmo pude indicar o caminho!

O pior – e o melhor!
Paraguai 0x0 Nova Zelândia foi o último jogo da Copa disputado em Polokwane. E segundo o locutor da rádio que transmite os jogos em inglês, foi o pior jogo da Copa até agora – com o que concordo. Valeu pela divertida torcida neo-zelandesa – e pela vexatória desclassificação da Itália, que acompanhei nervosamente pelo rádio – pelo menos até 2014, o Brasil continuará tendo o maior número de títulos mundiais!

De repente, ficou cheio!
No intervalo da partida, o estádio – que estava com menos da metade de sua lotação – de repente ficou quase cheio! Provavelmente, foram abertos os portões para a população local.
DESAFIO 8 (só para menores de 18 anos)
Vale outro brinde do Zakumi: O que une Polokwane a São Paulo???
(a pergunta é curta e grossa – a resposta é longa e fina!)

23/6 – Pretória ou Tshwane?

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 22h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km300, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 220
jogos presenciados no estádio: 6

Eslovênia 0x1 Inglaterra
Estados Unidos 1x0 Argélia
Gana 0x1 Alemanha
Austrália 2x1 Sérvia

O passeio hoje, junto com o Alessandro e o David, jornalistas do Ministério do Turismo, foi a Pretória, que fica a uns 50km de Johanesburgo, e é a capital administrativa do país – além dela, são também consideradas capitais a Cidade do Cabo – sede do Poder Legislativo, e Bloemfontein – sede do Poder Judiciário. O nome da cidade foi recentemente mudado para Tshwane – uma referência ao povo indígena que ali habitava antes da chegada dos europeus – mas Pretória, homenagem a Pretorius, o fundador holandês da cidade, ainda é o mais utilizado.




Artesanato da Church Square, em Pretória




Ao pé da estátua de Paul Kruger, na Church Square, artistas populares se revezam Jardins na frente da sede do Governo (Union Buildings)

Europa na África
Passamos a maior parte do tempo na Church Square, a praça central de Pretória, que tem um certo ar europeu. Com alguns edifícios construídos no fim do século XIX, essa praça tem no centro uma estátua de Paul Kruger, o último presidente de origem holandês da África do Sul, antes da chegada dos ingleses. O mais interessante é uma feirinha de artesanato e a presença de artistas locais – a maioria músicos – que se revezam em apresentações de uns 30minutos, ao pé da estátua. Fizemos um lanche no tradicional Café Riche, que ocupa um prédio de mais de 100 anos.
Jacarandás
Fomos também conhecer os Union Buildings – os edifícios do Poder Executivo. Nossa atenção, porém, foi maior para o imenso jardim à frente dos edifícios. Neles existem alguns jacarandás, originários do Rio de Janeiro – na cidade inteira há cerca de 70 mil! Aliás, a principal emissora de rádio de lá é a “Jacaranda FM”!
USA
Nos esportes, eles ganham quase tudo – por isso, torço quase sempre contra os Estados Unidos. Mas confesso – de todos os times que vi jogar até agora, o time norte-americano é o que mais me agrada. Gosto especialmente do camisa 10 – Donovan. E foi justamente ele que marcou o gol que classificou sua seleção, nos descontos da partida contra a Argélia, que estava sendo disputada em Pretória, e que nós estávamos acompanhando no FanFest de lá, instalado num estádio de críquete. Eu comemorei!
Tapa-olho
Os jornais têm noticiado a grande preocupação com o comércio de mercadorias pirateadas. Acho que a fiscalização tem sido eficiente – com a exceção de camisas da África do Sul, não tenho visto artigos com cara de pirata. Os que encontro, com o selo da FIFA, estão um pouco caros. Vou deixar para comprar uns Zakumis depois da Copa, esperando que os preços baixem.

22/6 - Never more!

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 22h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km300, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 220
jogos presenciados no estádio: 6

França 1x2 África do Sul
México 0x1 Uruguai
Grécia 0x2 Argentina
Nigéria 2x2 Coréia do Sul

Depois de conhecer um pouco mais da história da África do Sul, nas visitas a Soweto e ao Museu do Apartheid, aumentou minha torcida pela classificação dos Bafana Bafana. Mas – como já era esperado – não deu! A vitória contra a França foi um final digno para os anfitriões – além de tirar da Copa o time responsável por 3 das nossas 4 últimas eliminações!



Soweto
Minha sugestão ao Alessandro e ao David foi fazer um passeio a Soweto (“SOuth WEst TOwnship”, ou vila do sudoeste) – local onde vivem cerca de 5milhões de pessoas – a esmagadora maioria, negros – e que se tornou famoso por sua resistência à política do Apartheid, isto é, da segregação entre negros e brancos.
Contratamos um motorista de táxi, o Elias, que, por R$450,00, nos apanhou em Sandton às 10h, e nos trouxe de volta, no fim do dia.
Primeiramente, fomos ao Memorial Hector Pieterson – nome de um garoto de 13 anos que morreu vítima de um tiro de um policial, em 16 de junho de 1976, numa passeata pacífica de estudantes, em protesto contra o uso obrigatório do Africaans (língua de origem holandesa) nas escolas. O museu fica a poucos metros do local onde o estudante foi alvejado – há uma foto famosa, de um colega carregando o corpo do garoto, ao lado de sua irmã. O feriado da última quarta-feira – o “Dia da Juventude” – foi em homenagem ao episódio. Segundo informações de funcionários do museu, a visitação – que num sábado costuma passar de mil pessoas – triplicou por causa da Copa.
Perto dali, visitamos a casa em que morou Nelson Mandela – transformada em museu, abriga fotos e objetos de uso pessoal de seu ilustre ex-morador. Na mesma Vilakazi street, vimos a casa do bispo Desmond Tutu – essa rua abriga, portanto, as casas de dois vencedores do Prêmio Nobre da Paz.

Museu do Apartheid
De Soweto, fomos ao Museu do Apartheid, próximo a um parque de diversões – o Gold Reef – construído no local onde havia uma mina de ouro.
Gostei da frase que li na propaganda: “o Apartheid está no lugar em que devia estar: num museu!”. O museu é grandioso... rico em detalhes, com fotos, textos e muitos vídeos – uma visita detalhada exige pelo menos umas 4horas. Gostei da forma até certo ponto imparcial em que a história do Apartheid é apresentada – a conclusão óbvia fica por conta do visitante: “Apartheid, never more!”.




Simpatia
Em Soweto, encontramos com essa simpatia que é a Glenda Kozlowski, que deu uma entrevista ao Alessandro. Dei a ela uma fitinha, que ela disse que vai usar durante a Copa.
Em 94, em Dallas, dei uma fitinha para a Fátima Bernardes – ela apareceu com a fitinha no ar, empunhando o microfone da Globo.





Frustração, sem lágrimas
Chegamos ao Melrose Arch, para ver o jogo África do Sul x França no intervalo, quando os sul-africanos estavam ganhando por 2x0, e o Uruguai ganhava de 1x0 do México. O entusiasmo era grande... mas os 2 gols ainda necessários para os Bafana Bafana não vieram, e, no final, a frustração foi visível. Mesmo assim, o pessoal aplaudiu – ao contrário do que esperava, não vi lágrimas.


Nem todos lucram
Segundo os jornais, os restaurantes mais sofisticados, próximos a hotéis e pontos turísticos, têm faturado alto, especialmente nos dias dos jogos da África do Sul – alguns dobram seu faturamento nesses dias. O mesmo não tem acontecido em restaurantes de bairros periféricos, cujos donos lamentam a baixa procura de turistas.


Diferença no orçamento
Um turista da Costa Rica declarou que planeja gastar cerca de R$20.000 nos 17 dias de sua permanência na África do Sul. Eu espero gastar menos de um terço disso, nos quase 2 meses que passarei por aqui!

sábado, 26 de junho de 2010

21/6 – Meu primeiro beijo na África

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 22h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km300, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 220
jogos presenciados no estádio: 6

Portugal 7 x 0 Coréia do Norte
Chile 1 x 0 Suíça
Espanha 2 x 0 Honduras

Foi um dia para repor as energias e pôr ordem na casa. A vinda da “mama” Joyce – ela lavou toda minha roupa suja – me incentivou a arrumar minhas coisas. Fiquei lendo jornal e coletando informações para o Alessandro e o David – fizemos uma programação para os próximos dois dias. À noite, fomos ao shopping – infelizmente, o Alessandro não achou um carregador para o bateria do computador dele, e eu ofereci o meu para ele poder trabalhar.


O beijo
Trouxe muitas camisetas, pensando em fazer trocas ou dar de presente, depois de usá-las. Vendo o incansável e impecável trabalho da Joyce, decidi lhe dar uma de presente. Ela abriu o maior sorriso – e me tascou um beijo na bochecha!!!
Meu primeiro (será o último?) beijo em terras africanas...

A fraqueza da Coréia do Norte
Alguns sul-africanos simpatizantes do Brasil andaram dizendo que nossa vitória por 2x1 contra a Coréia do Norte foi boa... Eu não concordo, pois acho os coreanos muito fracos – os 7x0 de Portugal me dão razão!
Sul-africanos x baianos
Não adianta querer ter pressa por aqui... os sul-africanos têm seu ritmo, que, às vezes, irrita um pouco – mas faz parte da cultura deles.
Uma boa frase que li no jornal – que poderia ser aplicada aos baianos – retrata bem isso:
“Muita gente tem relógio – os sul-africanos têm tempo!”


20/6 – Melhorou!

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 23h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km300, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 220
jogos presenciados no estádio: 6

DESAFIO 7

Eslováquia 0 x 2 Paraguai
Itália 1 x 1 Nova Zelândia
Brasil 3 x 1 Costa do Marfim

A Costa do Marfim é bem superior à Coréia do Norte. Por isso, apesar do resultado quase igual, não há dúvida de que o Brasil jogou bem melhor do que na estréia. Kaká melhorou um pouco – a lamentar, porém, sua expulsão. Elano marcou de novo – tenho que reconhecer que ele tem sido um dos mais regulares – e Luís Fabiano parece ter “desencantado” – acho que ele tem jogado sob muita pressão, por causa da responsabilidade de fazer os gols. Incomoda ver nosso ponto forte – a defesa – levar outro golzinho bobo...
Ainda não dá para confiar muito nesse time do Dunga... mas tudo pode acontecer!


Família Shishler


Vitória merecida
Livrando-se da pressão


Espinhos
Acordei cedo, pois tinha três tarefas para esta manhã de domingo.
Na primeira, me saí muito bem – fiquei muito orgulhoso! Tinha que, mais uma vez, trocar o pneu traseiro da bicicleta – e, desta vez, sem contar com a ajuda de ninguém. Fiz com calma, e em uns 40 minutos já estava com o pneu novo – o responsável pelo furo foi um pequeno... espinho!
A segunda tarefa era arrumar uma acomodação para o Alessandro e o David, dois jornalistas do Ministério do Turismo, a quem estou prestando uma assessoria. Em mais de 1 hora, percorri uns 10 hotéis da região – todos lotados. No último, deram-me a indicação de uma casa aqui perto que estaria alugando quartos. Fui lá, conversei com a Mary – a dona da casa – e reservei o quarto!
No caminho, porém, sofri um pequeno acidente – pedalando na calçada, fui desviar de um raro buraco... e bati com a cabeça num arbusto, cheio de... espinhos! Fiz um corte grande – felizmente, superficial – no pescoço!
A terceira tarefa não foi tão espinhenta... Fui ao supermercado fazer umas comprinhas para um churrasco que o Soummo programou para hoje, antes do jogo do Brasil: copos e pratos descartáveis, guardanapos, gelo, etc.

Braai
Aqui na África do Sul, em vez de “barbecue”, a palavra usada para churrasco é “braai”. O Soummo tinha convidado alguns amigos, e pediu-lhes que convidasse outros amigos. Eu também convidei uma família que conheci no trem, na volta do jogo da Argentina – a família Shishler, formada por 5 irmãos judeus, 3 deles casados, um com uma filhinha de 6 meses.
Esperávamos umas 25 pessoas – até 1 e meia, porém, não tinha chegado ninguém. Os judeus foram os primeiros a chegar – eles trouxeram sua própria comida, e até uma churrasqueira portátil, que instalaram na cozinha. Foram muito simpáticos – mas se mantiveram um pouco isolados dos demais convidados.
Aos poucos, porém foi chegando cada vez mais gente... e logo tinha umas 40 pessoas! Eu tinha comprado só 30 copos descartáveis – pedi que cada um escrevesse seu nome nele, pois não haveria reposição! Por sorte, o pessoal da cerveja não se incomodou de tomar pela garrafa.
As conversas foram bem animadas. O Alessandro, do Ministério do Turismo, fez uma entrevista com duas garotas estudantes universitárias – eu dei uma pequena ajuda, como intérprete. Às 5h, tivemos que avisar o pessoal que dali a meia hora teríamos que sair para o jogo – e eu distribuí uma fitinha para cada um dos presentes.
A casa ficou uma bagunça – ainda bem que o Soummo providenciou para que a “mama” Joyce, a faxineira, venha amanhã em vez de vir na quarta-feira.

Último jogo?
Não tenho ingresso para o jogo contra Portugal – portanto, o jogo contra a Costa do Marfim pode ter sido o meu último jogo do Brasil nesta Copa. Só tenho ingressos para os jogos do primeiro colocado do grupo, nas oitavas e nas quartas. Com a vitória, o Brasil já está classificado, mas só será primeiro se Portugal empatar amanhã (contra a Coréia do Norte – quase impossível) ou se ao menos empatar com Portugal, na sexta.
Antes do jogo, estava meio pessimista – aliás, fico sempre muito incomodado antes de qualquer partida do Brasil. Felizmente, os gols não demoraram muito para sair – no segundo, pareceu-me que Luís Fabiano pôs a mão, mas isso faz parte! Fiquei aborrecido com a boba expulsão do Kaká, e com o gol que levamos no final.

19/6 - Problemas com ônibus! (com 7º. desafio)

shopping Sandton City, Sandton, Johanesburgo, 23h00
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km295, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 180
jogos presenciados no estádio: 5

DESAFIO 7

Holanda 1 x 0 Japão
Gana 1 x 1 Austrália
Camarões 1 x 2 Dinamarca

A admiração que o mundo tem pelo Pelé sempre me emociona... e me leva às lágrimas! Depois de um dia que começou bastante estressante, até que foi bom extravasar um pouco as emoções...





Três Corações

Camisa 10 e a Bicicleta


Socceroo!

o estádio de Rustenburg - a "rua Javari" da Copa

Pânico!
Depois de 4 jogos aqui em Johanesburgo, meu programa hoje era vir ver o “sensacional” Gana x Austrália, às 4h da tarde, em Rustenburg. Tinha pensado na possibilidade de dormir lá, para conhecer a cidade, e voltar amanhã cedo, para ver o jogo do Brasil, que será no SoccerCity. Mas optei por comprar a passagem de um ônibus que descobri na Internet, entre Sandton e o estádio de Rustenburg, com retorno logo após o jogo – já que quanto menos eu tiver que me locomover por aqui, melhor.
Na passagem, o local de saída dizia “Sundown High”. Trata-se de uma escola aqui perto, bem grande. Estive lá ontem, mas não consegui descobrir onde seria o local do embarque. Liguei hoje cedo para a empresa, e me informaram que eu devia ficar em frente à escola, e que haveria outras pessoas embarcando no mesmo ônibus – horário: 11h10. Cheguei 20 minutos antes, mas não vi ninguém... fiquei preocupado.
Às 11h10, liguei novamente para a empresa, e me disseram que aguardasse, pois um ônibus passaria por lá. De fato, enquanto em falava, vi um ônibus se aproximando. Sinalizei, mostrando a passagem... mas o ônibus não parou!!!
Fiquei em pânico! Por sorte, naquele momento passava por ali um voluntário, a quem pedi que conversasse por telefone com a empresa, pois eu estava achando que não estava entendo direito as informações. A instrução, então, foi outra – eu deveria ir esperar pelo ônibus atrás da escola.
De fato, ali havia um ponto de parada de ônibus – e lá estava parada uma van. Sam, seu motorista, me disse que tinha instruções para me levar para um outro lugar, onde finalmente tomaria o ônibus para Rustenburg – e me levou para o recém-inaugurado terminal intermodal de Sandton – uma estação de trem e ônibus que iniciou sua operação dias antes do jogo de abertura. Ali, encontrei com Wayne, especialista em logística, que se desculpou pela confusão, e me explicou que eu poderia pegar o ônibus do meio-dia.
Finalmente, relaxei...

Mais dificuldades
A viagem foi agradável. Fizemos uma parada num posto de gasolina, onde fiz um lanche.
Os problemas recomeçaram ao chegarmos em Rustenburg. Essa pequena cidade, a noroeste de Johanesburgo, ao que parece é uma espécie de reino. O estádio, Royal Bafokeng – o menor de todos, com capacidade para 44mil pessoas – fica afastado da cidade, e pertence ao rei!
Faltando uns 5km para chegar, pegamos um grande trânsito. Levamos quase 1 hora para chegarmos a uma barreira, pela qual só passavam automóveis devidamente credenciados. O problema é que nem o motorista nem os controladores do tráfego sabiam informar o local onde nosso ônibus deveria estacionar – cada pessoa com quem o motorista falava dava uma informação diferente. Ficamos um bom tempo “rodando” em torno do estádio – por duas vezes, passamos bem perto dele, e, na segunda, alguns passageiros decidiram descer ali mesmo.
Junto com a maioria dos passageiros, decidi esperar, para ver onde o ônibus iria estacionar, para saber como voltar. Mesmo tendo perdido a entrada dos times em campo e a cerimônia dos hinos, acho que foi uma decisão correta, pois o ônibus acabou parando num local meio afastado – alguns dos passageiros que desceram antes acabaram não voltando conosco, talvez por não nos terem encontrado.

Gana x Austrália
Foi um jogo meio chato. A Austrália sentiu a falta de Cahill, seu principal jogador, suspenso por ter sido (injustamente) expulso no jogo contra a Alemanha. Já Gana conseguiu um empate graças a um pênalti – o segundo a seu favor na Copa. Minha torcida foi mesmo para um empate – assim, os dois times ainda mantêm suas chances de se classificarem e – quem sabe? – eliminar a Alemanha.

O homem de três corações
Neste gigantesco shopping de Sandton, acabo de encontrar uma galeria que está expondo 19 pinturas de um artista local, inspiradas no... Pelé!
Quando entrei na galeria, Graham, um de seus proprietários estava mostrando os quadros a uma família sul-africana, explicando cada um deles. Há um quadro, por exemplo, que retrata amendoins, uma referência à infância do Rei que, quando menino, vendia amendoins nas ruas de Bauru. No quadro “Três Corações”, há referências às cidades de Três Corações, Bauru e Santos, com anotações feitas pelo próprio Pelé (“aqui eu nasci”, “aqui virei Pelé” e “aqui nasci para o mundo”, respectivamente). Graham falava com paixão... contou-me depois que esteve pessoalmente com Pelé, e que sentiu que ele é realmente especial – apesar de todo o assédio, atendeu pacientemente a cada um, distribuindo autógrafos e sorrisos. Graham disse ter ficado muito impressionado com a aparência jovial de Pelé – custou a acreditar que ele faz 70 no próximo outubro.
Ouvi tudo aquilo chorando...

7º. DESAFIO
Vale um brinde do Zakumi. Considero este desafio bem difícil.
A suspensão de Cahill impediu que o jogo Gana x Austrália apresentasse uma curiosidade em relação aos atacantes e principais jogadores dos dois times: Cahill e Gyan – duvido que isso tenha acontecido em qualquer jogo da história do futebol! Qual é essa curiosidade?
Dica: Veja essa questão pelo outro lado...

sábado, 19 de junho de 2010

18/6 - Quase causo um prejuízo a meu anfitrião! (com 6o. desafio!)

18/06casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 22h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km295, pneus furados: 2
fitinhas (número estimado e acumulado): 170
jogos presenciados no estádio: 4
desafios propostos: 6

Alemanha 0 x 1 Sérvia
Eslovênia 2 x 2 Estados Unidos
Inglaterra 0 x 0 Argélia

Aí no Brasil, sempre deixo o celular para vibrar – nunca o deixo para tocar, pois se isso acontecer no meio de uma aula, será uma vergonha total – os alunos não aceitam isso dos colegas, quanto mais de um professor chato, que não permite o uso do celular em sala de aula.
Mas o celular que tenho aqui não tem o recurso da vibração... Quando ele toca, eu custo a perceber... ainda mais quando estou andando de bicicleta, ouvindo rádio.
Pois hoje quase dei ao Lula, amigo do Soummo, um prejuízo de uns R$600,00, por não ter ouvido o celular. O Soummo me ligou umas 10 vezes, pois precisava que eu levasse uns ingressos que estavam comigo, para serem vendidos... Eu só percebi que ele tinha ligado quase uma hora depois! Que abSURDO!!! Por sorte, ainda a tempo de se resolver a situação.
Foi sorte mesmo... Logo depois que entreguei os ingressos, tive outro furo no pneu... e, de novo, no traseiro! Terei trabalho amanhã...
22 = 2x2
Até agora, o melhor jogo da Copa, o mais emocionante, com mais alternativas, parece ter sido o empate em 2x2 no jogo 22 da Copa, entre Eslovênia e Estados Unidos, hoje à tarde, aqui em Johanesburgo. Desde o começo do jogo os dois times procuraram o ataque, e desperdiçaram boas chances. No fim do primeiro tempo, a Eslovênia vencia por 2x0, mas os Estados Unidos conseguiram empatar no segundo tempo, graças a uma ótima atuação de Donovan, seu camisa 10. No finalzinho do jogo, os americanos ainda tiveram um gol mal anulado, que lhes teria dado uma vitória muito parecida com a derrota que tiveram para o Brasil, na final da Copa das Confederações do ano passado, no mesmo Ellis Park.
Há uma estação de TV aqui que fica sempre passando compactos com os melhores momentos das partidas do dia... O compacto deste jogo foi o mais longo até agora...
Vuvuzelas
O momentos em que os uruguaios marcaram seus gols contra a África do Sul foram os únicos, até agora, em que as vuvuzelas silenciaram.
Mas elas continuam gerando polêmicas...
Tem sido noticiado que os ingleses estão tentando fazer com que elas sejam proibidas nos estádios – alegando que perturbam torcedores e jogadores. No torneio de Wimbledon, que está sendo disputado agora, elas não são admitidas. Mas, por aqui, elas continuam imperando.
Na entrada dos estádios, é comum ver camelôs oferecendo um protetor para os ouvidos por R$2,00. Mas, ao que parece, eles não são lá muito eficientes.
Os jornais divulgaram que estão disponíveis alguns programas de computador que reduzem o som das vuvuzelas das transmissões televisivas.
E foi num jornal que li um artigo de um cronista sul-africano reclamando dos que se posicionam contra as vuvuzelas, tentando impedir uma manifestação cultural de seu povo.
A mim, o barulho das vuvuzelas não incomoda. No entanto, não consigo entender qual a vantagem de soprá-las durante todo o jogo – no Brasil, as torcidas procuram jogar junto com o time, manifestando-se de acordo com a situação da partida.
Esgotados
Estive visitando o escritório da FIFA responsável pela emissão dos ingressos comprados pela Internet, que fica aqui perto. Lá também são feitas as vendas de “última hora”, isto é, ingressos que, eventualmente, são devolvidos, para serem revendidos. Havia uma fila de umas 50 pessoas, dentre elas alguns brasileiros interessados nos ingressos dos jogos contra a Costa do Marfim e Portugal, que estão esgotados.
6º. DESAFIO
Na vitória da Alemanha contra a Austrália por 4x0, os dois primeiros gols foram marcados pelos atacantes Podolski e Klose. Mas, na derrota contra a Sérvia, os dois heróis se tornaram vilões: Klose foi expulso ainda no primeiro tempo, e Podolski desperdiçou um pênalti no segundo tempo. Por coincidência, esses dois jogadores têm ainda algo em comum, que os diferencia de seus demais companheiros... O que é?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

17/6 – Festa argentina

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 22h30
tempo: sol, céu azul, agora frio (ainda menos do que ontem)
bicicleta: km285
fitinhas (número estimado e acumulado): 160
jogos presenciados no estádio: 4

Argentina 4 x 1 Coréia do Sul
Grécia 2 x 1 Nigéria
França 0 x 2 México

Hoje fui ver a Argentina... Foi um show dentro e fora do campo.
O jogo foi à uma e meia da tarde – com sol e céu azul – um clima bem diferente da noite fria do jogo do Brasil. Não tenho dúvidas de que sol e um pouco de calor ajudam a nós, latinos.
Durante o primeiro tempo, fiquei no meu lugar – categoria 3, a mais barata, bem longe da concentração da torcida argentina.
No intervalo, fui me postar em pé, junto com uma porção de gente, bem atrás dos argentinos – para o descontentamento dos voluntários, que a todo momento pediam que fôssemos para nossos lugares. Nos últimos 15 minutos – quando os voluntários já estavam cansados, de “guarda baixa” – fui para o meio da massa.
Tomara que eu esteja exagerando no meu pessimismo... mas nuestros hermanos devem ir bem mais longe do que nós!

Mrs. Joyce

Uma figuraça a senhora que, uma vez por semana, vem fazer a faxina na casa do Soummo. Mrs. Joyce – a “Mama” – mora em Alexandra – uma espécie de Soweto do nordeste de Johanesburgo – até poderia se chamar Noeato! Sempre sorridente, ela limpa todos os cantinhos, lava a louça, lava e passa a roupa suja, arruma tudo... e, se precisar, ainda cozinha – tudo por R$40,00 por dia!
Ela é um pouco ... “invasiva” para o meu gosto – eu tinha deixado alguns objetos em cima da mesa do meu quarto, que ela resolveu “arrumar”, colocando na gaveta. Mas é uma simpatia de pessoa – mereceu ganhar 5 fitinhas (filhos, netos...) e um chaveiro.

Lotação, trem, ruas do centro

Apesar de todo o branco que encontro me aconselhar a não usar o transporte público nem andar pelo centro da cidade, continuo desprezando esses conselhos. Hoje, fui ao jogo no SoccerCity de lotação e trem – gastei menos tempo e dinheiro: só R$5,00, em vez dos R$150,00 se tivesse ido de táxi.
E andei pelas agitadas ruas do centro, onde há um intenso comércio de camelôs, que lembra um pouco o da rua 25 de Março, em São Paulo, ou o da região do SAARA, no Rio. No caminho, encontrei um moçambicano – o Arlindo – que, em plena calçada, com uma máquina de costura parecida com a velha “Singer” da minha mãe (porém dotada de um motor elétrico, alimentado por um “gato” puxado de um imóvel), vive de fazer bainhas e pequenos consertos. Por R$1,25 (que ele não queria cobrar!) – e mais 3 fitinhas (que ele aceitou com um enorme sorriso!) – ele costurou o “suvaco” do meu moleton, que já tinha um furo de uns 2cm!!!

Messi

O verdadeiro – Lionel – é de Rosario, e já demonstrou seu talento diferenciado. Alguns, ao vê-lo em ação, o comparam ao “play station”. Hoje, ele quase fez um golaço... Acho que ele ainda vai aprontar algumas nesta Copa...
O falso – Nicolás – é de Mendoza, e já demonstrou seu bom-humor diferenciado. Sua semelhança com Lionel é tão impressionante que, há alguns dias, na Nelson Mandela Square, os repórteres da TV Lance! aprontaram uma divertida brincadeira – entrevistaram Nicolás fingindo que estavam entrevistando Lionel – e foi aquela confusão, com muita gente acreditando! Nicolás concedeu autógrafos, tirou fotos com admiradores de Lionel... e causou tanto tumulto que os seguranças do shopping tiveram que chamar um táxi e pedir que ele se retirasse dali.
Eu já tinha visto o vídeo da reportagem – e, por acaso, no meio de mais de 82mil pessoas, o encontrei no estádio, no fim do jogo!
Será que o Lionel vai entrar em campo na próxima partida da Argentina com a fitinha que eu dei para o Nicolás???
Bandeirão

Ainda guardo muito boas recordações da Copa de 2002 e dos sul-coreanos. Foi bonito ver a gigantesca bandeira desfraldada na arquibancada, mas senti falta do mar de camisas vermelhas, do som dos tambores e do grito “Têêêêê Hamingo!”






Um nome na faixa

Ao contrário do que acontece nos estádios brasileiros, aqui temos acesso a qualquer setor do estádio – exceto a área da imprensa e os camarotes VIPs. Assim, antes do jogo, os argentinos ocuparam praticamente todo o espaço disponível para pendurar suas faixas e bandeiras – mesmo que o seu dono fosse se sentar em outro setor.
Nessas faixas, geralmente aparece escrita alguma mensagem, ou o nome de uma cidade.
No fim do jogo, dei uma procurada, na esperança de encontrar o querido nome de uma Villa, estância turística, próxima a Córdoba... e achei! Bem do lado oposto ao que estava!
Saí correndo, para ir tirar uma foto, com medo de que o dono da faixa a removesse antes de eu chegar. Mas Jonas devia estar come(e bebe)morando os 4x1 – cheguei a tempo de tirar fotos dele e de sua faixa.
Tenho certeza de que, lá do alto, acima daquele lindo céu profundamente azul, alguém assistiu a tudo isso!

16/6 – Ficou difícil... (com 5º. desafio!)

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 24h
tempo: sol, céu azul, agora muuuito frio (um pouco menos uu...u do que ontem)
bicicleta: km285
fitinhas (número estimado e acumulado): 150
jogos presenciados no estádio: 3

Honduras 0 x 1 Chile
Espanha 0 x 1 Suíça
África do Sul 0 x 3 Uruguai

QUINTO DESAFIO no fim – só para menores...

Fui ver o jogo dos Bafana Bafana no Melrose Arch, a que já me referi, em 13/6. Foi bem triste ver que, em 90 minutos, desapareceu todo aquele entusiasmo que vinha aumentando a cada dia. Os privilegiados freqüentadores do Melrose Arch mostraram uma decepção que, certamente, deve ser bem maior entre os milhões de humildes sul-africanos.
Ainda dá... mas é muito difícil. Amanhã, o melhor seria um empate entre França e México. Depois, o México não poderia ganhar do Uruguai, e eles teriam que ganhar da vice-campeã mundial de 2006, a França. É mesmo muito difícil.



Vinho
Durante o jantar, o Soummo e o Lula experimentaram – e aprovaram – alguns vinhos tintos sul-africanos. É um dos orgulhos do país, cuja maior produção é na região da Cidade do Cabo.
Eu fiquei no meu suquinho de limão...


Carona
Para voltar para casa, o Soummo e eu fomos tentar pegar uma lotação. Depois de uns 15 minutos sem passar nenhuma – já eram mais de 11h – apareceram 2 rapazes – estudantes universitários – e, sem que pedíssemos – nos ofereceram uma carona – fato raro por aqui!!! Ganharam fitinhas e chaveirinhos!

Canhoto do ingresso
Para entrar nos estádios, deve-se passar por duas inspeções.
A primeira – a mais tumultuada e demorada – é a da segurança. Os torcedores são revistados e submetidos a um detector de metais, e suas sacolas e mochilas são examinadas. No primeiro jogo, tive até que tirar o relógio – mas isso não foi preciso nos outros jogos. Alguns porteiros pedem que apresentemos o ingresso... outros, não. No jogo do Brasil, me pediram – mas eu disse que estava na carteira, dentro da mochila, e eles nem olharam... ou seja: não é difícil que alguém sem ingresso passe por esse bloqueio.
Depois de se andar uns 500m, chega-se ao bloqueio dos ingressos, onde o porteiro apenas ajuda o torcedor a introduzir o bilhete no leitor do código de barras, que libera a catraca – ele não costuma destacar o canhoto do ingresso...
Acho isso um pouco perigoso! Alguém mal intencionado, depois de passar pela catraca, pode recolher alguns ingressos (de outras pessoas), voltar para a fora do estádio (duvido que o impeçam) e tentar vender os ingressos – ainda íntegros – nas ruas. Provavelmente o comprador será barrado na catraca... mas aí o espertinho já estará bem longe!


QUINTO DEAFIO: 18 ou 19??? – valendo um brinde, mas só para menores de 18 (ou 19???) anos
Esta é a 19ª. Copa do Mundo. Até hoje, nunca aconteceu de um país anfitrião ser desclassificado ainda na primeira fase. A África do Sul corre o sério risco de quebrar essa tradição.
Só que, se a África do Sul for mesmo desclassificada agora, terão ocorrido, ha história das 19 Copas, 19 classificações de países anfitriões na primeira fase!!! Como isso é possível???

15/6 - Só 2x1...

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 24h
tempo: sol, céu azul, agora muuuuuuuuito frio
bicicleta: km280
fitinhas (número estimado e acumulado): 140
jogos presenciados no estádio: 3

Nova Zelândia 1 x 1 Eslováquia
Costa do Marfim 0 x 0 Portugual
Brasil 2 x 1 Coréia do Norte

Não dá para esconder a decepção. Mesmo sabendo do jeito que o Dunga tem conduzido a Seleção, a gente espera que, de repente, o time possa mostrar um pouco da arte do futebol brasileiro.
Não foi o caso, hoje. Mais uma vez, o time venceu, jogando burocraticamente.
Temo que a gente perca a torcida dos sul-africanos.
Em todos os esportes, há uma tendência dos torcedores neutros apoiarem o lado mais fraco. No futebol, porém, apesar da força do Brasil, tradicionalmente temos contado com a maioria da torcida neutra, devido à nossa forma de jogar – os estrangeiros chamam o nosso estilo de “jogo bonito”, assim mesmo, em Português!
Mas, se eu não fosse brasileiro, eu não torceria para esse time do Dunga...


A torcida brasileira veste a camisa!

´Também aqui tem um bando de loucos...

Na "Casa Brasil", uma foto do Ibirapuera e dos prédios do Itaim Bibi...


Casa Brasil

Com a presença do Ministro do Turismo e da Presidente da Embratur, foi aberta hoje de manhã, no Centro de Convenções de Sandton, a “Casa Brasil” – uma grande exposição que, durante a realização da Copa do Mundo, irá promover o turismo em nosso país. Foi distribuída, gratuitamente, uma revista de quase 200 páginas, “The country of Football and Tourism”, de alta qualidade de impressão, com belas imagens de nossas exuberantes natureza e cultura. Estão previstos diversos eventos, dentre eles a exibição de alguns filmes brasileiros com o tema do futebol.
Mais detalhes no site:
http://aquarela2020.wordpress.com/2010/06/16/brazil-sensational-experience/

Frio

Ao que parece, hoje foi o dia mais frio do ano aqui em Johanesburgo. Na hora do jogo, a sensação térmica chegou a -1ºC. Pela primeira vez, usei, sob a camiseta do Brasil, uma roupa especial – chamada de segunda pele, ela tem a propriedade de expelir o suor, tirando a desconfortável sensação de umidade das roupas mais pesadas.
Acho que esse frio prejudicou um pouco o desempenho do nosso time... e o entusiasmo de nossa torcida. É preocupante saber que o próximo jogo, contra a Costa do Marfim, também será a noite, e no SoccerCity! Time e torcida brasileiros se dão melhor com sol e calor...

Ellis Park

O EllisPark, onde o Brasil jogou, hoje fica próximo do centro de Johanesburgo – dá para ir a pé! Bem diferente do SoccerCity, cujo acesso é bem complicado – nesse aspecto, lembra o Morumbi!
O estádio tem muita história para contar – entre elas, a da conquista do Mundial de Rúgbi pela África do Sul em 1995, retratada no filme “Invictus”.

Fileira A

Meu ingresso era na fileira “A” – achei que, por isso, fosse ficar bem pertinho do campo... Porém ao contrário do SoccerCity, no EllisPark a identificação das fileiras é feita de cima para baixo... Fiquei lá em cima! Ainda bem que as arquibancadas são cobertas, o que ajudou a diminuir o frio!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

14/6 - Um dia de celebridade! - Veja o filme!!!

supermercado Pick’nPay, BenMore Gardens, Sandton, Johanesburgo, 19h
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km280
fitinhas (número estimado e acumulado): 130
jogos presenciados no estádio: 2

Holanda 2 x 0 Dinamarca
Japão 1 x 0 Camarões
Itália 1 x 1 Paraguai

Hoje me senti uma celebridade. Dei uma rápida entrevista ao vivo para a BBC de Londres. Fui também entrevistado por uma rádio francesa (en Français!!!) e para uma TV da ilha de Malta! E fui o autor/personagem de uma reportagem da TV Lance!
Mesmo assim, não consegui atingir meu principal objetivo do dia – arranjar uma namorada loirinha no jogo entre Holanda e Dinamarca...






a estátua de Nelson Mandela, no Nelson Mandela Square, onde tudo acontece em Johanesburgo

entrevista ao vivo de um ciclotorcedor brasileiro pela BBC de Londres

repórteres da TV de Malta, depois da entrevista com o dono da bicicleta ao fundo...


Badalação no Nelson Mandela Square

Em Sandton, sofisticado bairro da região norte de Johanesburgo, fica o maior shopping da cidade, o Sandton City. Anexo a ele fica o Nelson Mandela Square – um outro shopping, com uma praça em seu interior, cheia de restaurantes, onde desponta uma imensa estátua de Nelson Mandela.
Esse tem sido o principal ponto de encontro das torcidas – e, por causa disso, tem despertado grande interesse na imprensa internacional.
Fui lá para um encontro com o pessoal da TV Lance! e, enquanto os esperava, acabei dando uma rápida entrevista, ao vivo, junto com um argentino, para nada mais nada menos do que... a BBC de Londres!!! O tema: vuvuzelas. A entrevista teve que ser subitamente interrompida para que o locutor do estúdio desse a previsão do tempo em Londres. Ora, eu poderia ter feito essa previsão: hoje, “rainy and cloudy”; amanhã, mudará para “cloudy and rainy”!!!
Outra rádio, francesa, me perguntou sobre as chances do Brasil. Para a decepção do repórter, disse que estou um pouco descrente, e que não entendo a ausência do Ronaldinho, que os franceses conhecem tão bem.

“Duelo das loirinhas – o filme”

Já tinha me encontrado antes com os repórteres da TV Lance!, Ana Luiza (a Luli) e o Daniel. Por e-mail, contei-lhes que iria hoje ver o jogo Holanda e Dinamarca, o “Duelo das loirinhas”. A Ana Luiza gostou da idéia, e sugeriu fazer uma reportagem com esse tema. Marcamos um encontro no Nelson Mandela Square – eles queriam que eu fosse de bicicleta.
Eu tinha pensado em ir ao jogo de trem – mas eles ofereceram uma carona para levar a bicicleta. Pegamos muito trânsito, e chegamos ao SoccerCity em cima da hora. Como eles não tinham ingresso, o Daniel me deu sua câmera para eu fazer umas filmagens no interior no estádio.
Eu nunca tinha pegado numa câmera filmadora na vida!!! Percebi que ela fazia foco automático... mas só no intervalo do jogo descobri qual era o botão do “zoom”.
Comecei timidamente a filmar loirinhas que estavam próximas de mim, fazendo um pequeno comentário sobre cada uma, e atribuindo uma nota. Não eram muitas – eu estava num setor em que havia poucos holandeses, e nenhum dinamarquês. Quase nem prestei atenção ao jogo, mas fiquei no 0x0 – o mesmo placar do primeiro tempo do jogo...
No intervalo, decidi ir à caça das loirinhas. Peguei um flagrante de um brasileiro “xavecando” uma holandesinha... apesar de ter namorada no Brasil, ele acabou autorizando o uso da sua imagem!
Não voltei para meu assento, no segundo tempo. Decidi ficar passeando pelo estádio, principalmente nos setores em que havia maior concentração de holandeses e dinamarqueses – e encontrei outros brasileiros que também tinham segundas – e até terceiras! – intenções!
Saí um pouco antes de o jogo acabar, com uma idéia: iria oferecer a garupa da bicicleta para a loirinha que quisesse ir comigo para o Brasil!!! A cada loirinha que eu via saindo, fazia essa proposta, justificando que no Brasil não há loiras... Depois da sexta tentativa frustrada, já estava quase desistindo... quando uma menina de uns 12 anos aceitou, incentivada pelo pai. Dei com ela uma voltinha rápida, e a devolvi ao pai, dando-lhe uma fitinha.
Essa garota me deu sorte... Depois dela, outras 4 meninas – e mais umas 10 nem tão meninas!...– aceitaram a brincadeira, e ganharam suas fitinhas – tudo documentado pela câmara do Daniel!

Quem quiser conferir, pode ver em:
http://msn.lancenet.com.br/multimidia/?vid=6203e9d8-ed72-4584-8d79-c6d17411d58e


A falta da almofada...

A última “tomada” do Daniel foi da minha garupa vazia – mostrando que não consegui convencer nenhuma loirinha a ir comigo para o Brasil! Minha justificativa para esse fracasso: o desconforto das holandesas e dinamarquesas por eu não ter uma almofada na garupa da bicicleta – um acessório que as brasileiras dispensam, pois muitas já o têm devidamente “acoplado” à sua anatomia...
Como bem respondeu meu amigo Chico Scagliusi em seu comentário de ontem, o “Duelo das loitrinhas” poderia também ser chamado de “Duelo palíndromo” (pois, para a FIFA, o jogo era “NED x DEN”). E as loirinhas são mais ou menos palíndromas: de trás para a frente, e de frente para trás, dá quase no mesmo...
Já as brasileiras... quem sabe eu não consigo ser mais bem sucedido amanhã, no “BRA x PRK”???



terça-feira, 15 de junho de 2010

13/6 - Domingão do Sergião! (com 4º. desafio)

casa do Soummo, Sandton, Johanesburgo, 23h
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km270
fitinhas (número estimado e acumulado): 110
jogos presenciados no estádio: 1

Argélia 0 x 1 Eslovênia
Sérvia 0 x 1 Gana
Alemanha 4 x 0 Austrália

OUTRO DESAFIO - vale um brinde para quem acertar!!!

Um domingo daqueles que os fanáticos por futebol gostam de ter: 3 jogos ao vivo pela TV! E de Copa do Mundo!


Boteco Rio
O Melrose Arche, um complexo de escritórios, lojas e restaurantes, é muito sofisticado, com duas praças muito charmosas, em que foram instalados dois enormes telões. Almoçamos numa dessas praças, na agradável companhia do Luís Felipe – o Lula –, sua esposa Viviane, e seus sobrinhos Aguinaldo e Henrique – todos tinham acabado de chegar a Johanesburgo.
Depois do almoço, passamos pelo “Boteco Rio” – restaurante que, durante a Copa, terá decoração inspirada no Rio de Janeiro – calçadão de Copacabana, fotos do Cristo e do Pão de Açúcar, e até a camisa do Ameriquinha pendurada na parede. O cardápio é brasileiro, e haverá apresentações de pagodeiros e outros músicos brazucas.


Palpites errados
Estou errando quase todos os meus palpites sobre os resultados dos jogos. Achei que a Austrália fosse segurar a Alemanha – ela tomou de 4x0! Torci para o centroavante alemão Klose não marcar – ele perdeu uns 3 ou 4, mas fez seu 11º. gol em mundiais, aproximando-se perigosamente do Ronalducho, que parou nos 15. Não é justo que um tosco como o Klose seja o recordista de gols em Copas – mas reconheço que ele é oportunista!
E o Cacau!!! Brasileiro formado no Nacional (tradicionalíssimo time da capital, hoje amargando a 4ª. divisão) que, quase com 30 anos, estréia em Mundiais, e com menos de 2min em campo, marca seu gol!


Euforia e otimismo
Os sul-africanos estão mesmo super eufóricos e otimistas com a Copa. Uma crônica muito bem-humorada de um jornal faz um balanço bem positivo de tudo o que está acontecendo, e termina mais ou menos assim: “Nosso governo deveria tentar convencer a FIFA a mudar a sede do Mundial de 2014, do Brasil para cá. Assim, poderíamos repetir o sucesso da organização desta Copa, além de podermos defender em casa o título que conquistaremos neste ano!!!”


QUARTO DESAFIO – o duelo palíndromo
Vale um outro brinde do Zakumi!!!
Irei amanhã ver Holanda e Dinamarca – um jogo que estou chamando de “Duelo das Loirinhas” – espero conseguir encontrar alguma que aceite passear na garupa da minha bicicleta!
Mas esse jogo também poderia ser chamado de “Duelo palíndromo”! Por quê???
(duvido que alguém ache essa resposta na Wikipedia!)

12/6 - ...E tudo se resolve!!!

supermercado Pick’nPay, BenMore Gardens, Sandton, Johanesburgo, 19h
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km270
fitinhas (número estimado e acumulado): 90
jogos presenciados no estádio: 1

Coréia do Sul 2 x 0 Grécia
Argentina 1 x 0 Nigéria
Inglaterra 1 x 1 Estados Unidos

Lazanha, peito de frango, tomates, bananas, salada de frutas, leite, chocolate, nescau, pão-de-forma, mussarela, refrigerante... Ainda bem que tudo coube na mochila, e em 2 sacolas de plástico – que são cobradas (R$0,10 cada)! Vai dar para levar tudo na bicicleta.
Estou bem mais tranqüilo agora. Depois de uma sexta-feira tensa, cheia de percalços, e de uma noite mal dormida, tive um sábado para “pôr ordem na casa” – e até consegui me divertir.

Entre dois fregueses do posto, Ales, o esloveno que veio pedalando de Nairobi para trocar o pneu da minha bicicleta
A foto que devia ter sido tirada na véspera
pôr-do-sol na ponte estaiada Nelson Mandela

Como voltei para casa? Voltando!... ora, pois!
Ontem, na saída do jogo, quando percebi que tinha perdido a carteira, eu devo ter ficado com o rosto tão transtornado, que uma senhora se aproximou perguntando se eu precisava de ajuda. Contei-lhe o ocorrido, e que gostaria de pegar um ônibus para o centro, e, de lá, telefonar para meu amigo ir me buscar. Ela me ofereceu R$5,00, que retribuí com... uma fitinha!
Comprei o bilhete, e entrei na longa fila para embarcar no ônibus para um dos estacionamentos (“Park&Ride”) do centro da cidade.
Foi então que alguém apareceu, me chamando de “brasilairo”. Pelo “sutac”, perguntei: “É português?” (poderia se de Angola ou Moçambique...) – “Sim, sou!” Torcendo para que ele fosse do Minho, terra de meu avô, perguntei: “De onde?” Sua resposta não poderia ter sido mais lusitana: “Sou português de Portugal!” Ora pois!
Português de Portu... de Aveiro, José tinha ido ao jogo com sua esposa e mais um casal de amigos. Trabalha como contador, e mora por aqui há muitos anos, em... Sandton!
Tenho que reconhecer – às vezes, as fitinhas são dadas com segundas intenções... Foi o caso! Mais um pouco de conversa no ônibus... perguntei-lhe se seria possível conseguir uma carona. Ele consultou o amigo, dono do carro... “Sim, podemos levá-lo!”
O amigo, tcheco, mas também morador de Johanesburgo, pediu meu endereço, e deixou que o GPS do carro nos guiasse. Deixou-me na porta de casa! Nem preciso dizer que ele e a esposa também ganharam suas merecidas fitinhas.

Cancelando o cartão de crédito
A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi ligar para minha irmã Ana Maria, pedindo para ela cancelar o cartão de crédito que estava na carteira – além do cartão, tinha uns R$150,00, carteiras de identidade e de motorista, e – o que mais lamento ter perdido – algumas fotos de meus sobrinhos e o ingresso da partida de abertura.
A Ana tem se responsabilizado por pagamentos e outras tarefas burocráticas no Brasil... Ela me dá uma boa retaguarda – sou-lhe muito grato. Não dei muitos detalhes do que tinha ocorrido, para não assustá-la. Pouco depois, ela me mandou um e-mail, confirmando o cancelamento do cartão, o que me deixou um pouco mais tranqüilo. Mesmo assim, dormi muito mal, lamentando a perda da carteira, e preocupado com a bicicleta.

Resgate da bicicleta
Nesta manhã, tão logo o shopping abriu, fui lá sacar dinheiro com o cartão de débito, e comprar uma carteira nova com o cartão de crédito que me sobrou – felizmente, ambos funcionaram sem problemas.
Peguei uma lotação – o táxi, como chamam aqui – até o centro. Para ir até o posto onde estava a bicicleta, tive de pegar outra lotação. O motorista me explicou que não iria passar pelo posto, mas eu poderia caminhar uns 20min até lá. Começamos a conversar sobre futebol... fitinhas para ele e para seus 2 filhos... ele acabou me levando até o posto!
Só que o gerente, Peter, que a tinha guardado na véspera, não estava!!! E só ele tinha a chave do quartinho onde a bicicleta estava!
Aubrey, um dos frentistas, quis me ajudar. Chamou outro funcionário, que ligou para o Peter.
Enquanto eu o esperava, apareceu o Ales, ciclista esloveno (“da Eslovênia”, certamente diria meu bom amigo luso), que há 2 meses saiu de Nairobi, no Quênia!!! Ele parou justamente naquele posto para fazer seu café da manhã, e pedir informações sobre como ir a Polowane – de ônibus ou de trem – para ver o jogo de seu país, amanhã.
Antes que ele fosse embora, apareceu o Peter, e eu pude pegar a bicicleta.
Aproveitei o Ales para pedir ajuda na troca do pneu – era o da roda traseira, de tão más lembranças... Tiramos a câmara, e enquanto pusemos uma nova – sempre levo um “step” em viagens – o Aubrey foi tentar consertar a furada numa loja de pneus vizinha ao posto – infelizmente, em vão!
Apressado para ir pegar o ônibus, o Ales me deixou ajustando a roda, e se foi. Enquanto fazia os últimos ajustes, apareceram uns 5 garotos, bem humildes, querendo ajudar – mas, aí, infelizmente meu estoque de fitinhas já tinha se esgotado...

Os subterrâneos do SoccerCity
De pneu consertado, pensei em voltar logo para casa, para ver Argentina x Nigéria... mas não resisti! Precisava tirar a foto que não tinha tirado na véspera – eu estava só há uns 3km do estádio! Tirei a foto, e lembrei que talvez pudesse haver um setor de achados e perdidos, onde pudesse procurar pela minha carteira. Falei com um segurança do estádio, que, por rádio, chamou um outro funcionário para me acompanhar.
O SoccerCity é o maior estádio da Copa – foi palco da abertura, e será da final. Surgiu da reforma de um outro estádio, próximo ao bairro do Soweto – sua localização lembra a do Morumbi, com poucas vias de acesso, e transporte público quase inexistente.
Meu acompanhante era um garoto meio perdidão... Não sabia nada, não conhecia nada. O que até foi bom – andamos por vários “meandros” do gigantesco estádio, como a área administrativa e a área dos convidados VIPs. Conversei com o gerente do estádio e com o chefe de segurança, que tomaram nota de meu nome e telefone... mas acho que dificilmente irei recuperar meus documentos perdidos.

Avião, ônibus, táxi, lotação – êta bicicleta passeadeira!!!
Já eram mais de 3h quando saí de lá. Tinha que me apressar, para chegar ainda com luz em Sandton. Resolvi fazer um caminho diferente do da ida, passando pelo Ellis Park, o outro estádio da cidade, onde a Argentina estaria enfrentando a Nigéria.
Dei uma volta em torno do estádio, com o jogo rolando. Vi alguns argentinos sem ingresso, negociando com cambistas – é uma situação tensa, pela qual espero não precisar passar.
Tinha 16km pela frente até em casa... mas resolvi tentar algo diferente. Fui até o terminal de lotações, e perguntei se seria possível colocar a bicicleta numa delas, e quanto isso me custaria. Sim, era possível, por uns R$8,00! Valia a pena!
Então, resolvi, antes, aproveitar o fim da tarde do sábado para um rápido passeio pelo centro de Johanesburgo, ouvindo o jogo da Argentina pelo rádio – o locutor estava empolgado com as defesas do goleiro nigeriano. Fui ver o pôr-do-sol na nova Nelson Mandela Bridge – uma ponte estaiada sobre a linha do trem, novo cartão postal da cidade, que tem uma bonita iluminação noturna – lembra muito aquela da Marginal Pinheiros.
Ocupei um banco inteiro da lotação, que estava mesmo lotada – uma passageira pareceu se incomodar com a minha presença, e infelizmente não tinha mais fitinhas para tentar espantar aquela antipatia!
Deixaram-me em frente ao shopping perto de casa. Eram 15 para as 7 – 15 minutos para o supermercado fechar...

11/6 - Socorro! Minha carteira sumiu!!!

estação de embarque de ônibus do SoccerCity Stadium, Johanesburgo, 19h30
tempo: sol, céu azul, agora frio
bicicleta: km235
fitinhas (número estimado e acumulado): 80
jogos presenciados no estádio: 1

África do Sul 1 x 1 México
Uruguai 0 x 0 França

Que eu faço agora? Como eu vou fazer para voltar para a casa do Soummo???
Estou neste fim de mundo, a 26km da casa em que estou hospedado, o celular não está com sinal, minha bicicleta ficou num posto de gasolina a 40min a pé daqui – com o pneu traseiro furado, estou apertado numa fila para comprar uma passagem de ônibus só até menos da metade do caminho, já escureceu nesta cidade em que tudo fecha à noite... e acabo de descobrir que minha carteira sumiu!!!


Bafana Bafana e mexicanos perfilados para a execução dos hinos nacionais - primeiro jogo de Copa do Mundo na África
no meio da torcida sul-africana, uma bandeira brasileira!


tampa de um bueiro, no interior do enorme estádio SoccerCity

a bicicleta não chegou...

Nunca antes neste... continente!
De manhã, estava ansioso. Pela segunda vez na vida, iria ver uma abertura de Copa do Mundo. A primeira foi especial – estádio de Saint Denis, na França, jogo entre o então campeão do mundo Brasil e a Escócia.
Desta vez, a expectativa também era bem grande. O Brasil não iria jogar, mas eu iria poder presenciar o primeiro jogo de uma Copa do Mundo disputado na África!
Ruas escuras e desertas
A volta do show, ontem, foi bem complicada – foi difícil pegar um dos ônibus especiais, que iam só até o centro da cidade, a 16km de Sandton, onde me hospedo. Quando perguntei a algumas pessoas do ônibus como fazer para ir a Sandton, elas ficaram apavoradas! Uma senhora falou com o motorista do ônibus, e ele pediu que esperássemos, porque ele iria chamar uma van, que aqui eles chamam de táxi. Tivemos que aguardar dentro do ônibus – a senhora não nos queria deixar descer naquelas ruas escuras e desertas do centro de Johanesburgo. O ônibus só partiu quando a van chegou, e nos levou, sãos e salvos, a nossos destinos – além de mim e do Soummo, mais o mineiro Márcio, e 5 mexicanos.
Tudo pára às 19h
Eu já tinha ouvido no Brasil que não era seguro andar por Johanesburgo à noite. Mas confesso que não estava acreditando muito nessa história.
Porém, agora, minha visão é um pouquinho diferente. Comecei a estranhar quando constatei que a maioria das lojas do shopping próximo à casa do Soummo fecha às 5h – às 7h, fecham o supermercado e os restaurantes!
Transporte público
Ainda no ônibus que me trouxe da Cidade do Cabo, perguntei a um passageiro se haveria transporte público para Sandton. Ele me respondeu: “Sim, táxis!” “E ônibus ou trens?”, perguntei. “No, only taxis!”.
Achei muito estranho ele considerar um táxi como transporte público... Achei que ele não entendeu minha pergunta, ou eu não entendi sua resposta.
Mas, na verdade, o que aqui é chamado de táxi, nós aí chamamos de “lotação”, ou de “van”. Há muitas delas por aqui, que transportam até 12 ou 15 pessoas, e que cobram uma média de R$2,00 por pessoa (dependendo da distância).
A outra opção são os “cabs”, que nós chamamos de táxi. Mas o preço é bem mais alto – coisa de R$20,00 para uma distância de uns 15km. Mas, com a invasão de turistas estrangeiros, alguns motoristas chegam a pedir até R$100,00 por pessoa por uma corrida noturna!
Há, também, umas poucas linhas de ônibus, que circulam principalmente durante a semana, nos horários de pico. E uma pequena linha de trens. Mas há poucos ônibus e nenhuma linha de trem ligando Sandton ao centro – uma distância de 16km. Muito menos ao SoccerCity, estádio onde ocorreu a abertura da Copa, que fica 10km depois do centro, para quem vai de Sandton.

Decisão tomada!
Devido à má experiência da noite anterior, decidi: vou de bicicleta! Saio cedo, com calma – a cerimônia de abertura começaria às 14h – e, na volta, venho “no pique”! Estimei a ida em 3h, e a volta em 2h – 26km em cada direção.
Mas... e o caminho??? Felizmente, o Soummo tem um guia de ruas bem detalhado. Fiz, então, um roteiro que, embora evitasse as “free-ways”, procurava ter um mínimo de desvios – até chegar ao estádio, seriam apenas cerca de 10 vias diferentes – tudo devidamente anotado num mapa que desenhei numa folha de papel, para não ter que levar o pesado guia.
Procurei ir o mais “leve” possível: nenhuma mochila, apenas a câmera fotográfica, o celular, a carteira – só com um dos 3 cartões, e pouco dinheiro – e duas dúzias de fitinhas.

“Lá na estrada em curva tem um furo no pneu - e não temos Michelin para consertar!”
Até chegar no centro foi tudo tranqüilo. Só no começo, em Sandton, havia trânsito, e uma grande agitação – afinal, era o dia de estréia dos Bafana Bafana.
O centro da cidade também estava bastante agitado. Cheguei lá por volta do meio-dia. Percebi que o comércio estava fechando, e imaginei que todos estavam procurando ir para casa o mais cedo possível, para se preparar para o grande jogo. Muitas vuvuzelas e camisetas amarelas da seleção.
Entrei na antepenúltima via do meu trajeto – a “Main Reef” – uma longa avenida, que sai do centro rumo ao oeste. Percebi que atravessei um bairro bem popular, mas me senti seguro.
Entrei à esquerda, na penúltima conversão, em frente a um hipermercado popular, de nome “Jumbo”. Era uma grande descida. Pensei na foto que eu faria da bicicleta, na frente do estádio, que devia estar a uns 3km dali.
Foi quando senti algo diferente, e ouvi um barulho que nenhum ciclista gosta de ouvir... um enorme prego de uns 5cm tinha acabado de furar meu pneu traseiro!

Caminhada
Olhei para o relógio. Faltava apenas uma hora para o início da cerimônia de abertura. Eu estava sem ferramentas e sem a câmara de reserva. Decidi voltar, e procurar um borracheiro. Achei um posto de gasolina, onde me indicaram uma loja de pneus, na Main Reef, perto de um outro posto. Andando mais rápido do que os carros que iam em direção ao estádio, empurrei a bicicleta até esse posto – mais ou menos 1km. A loja estava fechada...
Quase uma e meia da tarde. Decidi deixar a bicicleta no posto, e voltar para pegá-la amanhã, sábado. Falei com 3 frentistas antes de acharem o gerente do posto – 4 fitinhas! Este último arranjou um quartinho fechado com chave. Ele disse que estaria lá amanhã de manhã.
Pensei em pedir carona para algum carro, mas o trânsito estava tão lento, que decidi caminhar. Logo pude ver o estádio... percebi que não conseguiria chegar às 2h. Corri alguns metros... Cansei. Continuei caminhando...
Já próximo ao estádio, exatamente às 2h, quando alguns aviões deram rasantes – supus ser a abertura da cerimônia – notei que havia uma longa fila para entrar, que andava muito lentamente. Relaxei... a cerimônia de abertura estava mesmo perdida. Tirei uma foto do estádio, sem a bicicleta... e fui para a fila.

África do Sul 1 x 1 México
Entrei no estádio decidido a torcer para os Bafana Bafana... e torci, mas não com tanta devoção assim. Gosto do México – nos Estados Unidos, em 1994, a sensação era de que havia mais mexicanos que brasileiros torcendo para o Brasil!
O primeiro tempo do jogo foi muito ruim – os dois times pareciam nervosos – mas o segundo tempo foi bem movimentado. O gol da África do Sul foi muito bonito... e muito comemorado! Fiquei muito emocionado – considero ter presenciado um momento que entrou na história dos Mundiais. Uma pena que o time não tenha convertido algumas das boas oportunidades que criou... e acabou permitindo o empate dos mexicanos, conseguido mais na base da experiência.
Ao final, os sul-africanos pareciam um pouco decepcionados. Mas acho que o resultado foi bom para eles.

Cadê a carteira?
Para voltar, decidi pegar um ônibus até o centro, e, dali, tentar pegar um táxi até Sandton. Ao chegar aqui na estação de embarque nos ônibus, estava cheio de gente. Entrei na fila de embarque, mas, como estava sem a passagem, tive que ir até a bilheteria.
Fui pegar a carteira para pagar o bilhete... e onde ela está??? Meus bolsos estão cheios – celular, máquina fotográfica, balas, chave de casa, fitinhas – mas a carteira não está mais lá!
Cheguei a me sentar no chão, com a cabeça entre as mãos. Mas isso não vai me levar a nada...
Preciso ir à luta... e arrumar um jeito de voltar para casa!